Tudo o que
ela queria, hoje, era te beijar. Forte, lento, com música ao fundo. Qualquer
uma daquelas.
Se
respirava fundo, era só pra afastar essa ideia, e outra, e mais uma.
Porque
agora a moça estava dividida. Aquela paixão platônica, aquela pessoa que não
olharia na direção dela, olhou.
Olhou,
olhou de novo. Se esperavam.
Qual dos
dois?
Tomou mais
um gole, mais um cigarro.
Pensou que
não importasse o desastre natural, a política, a polícia, no fim, no seu fim,
tudo se resumia àquele contato de peles. Não era alguém que consumiria pessoas,
ela só queria fenecer.
A sua
placidez, essa coisa de lago calmo, que ela já sabe bem que é mentira. Não
engodo. Só que há mais coisa abaixo da superfície. Ela desenhou tudo isso,
colocou ao lado daquelas fotos, da visita ao Peru, dele sorrindo com o cão.
Dele amando a paz e a violência, com a sede de quem vai morrer daqui há pouco.
Com a ânsia que a queimava da mesma forma.
Mesmo que
ela te ame, rapaz, mesmo, agora ela anseia por aquela boca, as testas coladas,
o ponto sem retorno, aquele toque, aquela mente. Não consumia pessoas, consumia
mentes, assuntos, ideais.
E ele
simplesmente se encaixava como uma peça feita a mão. Rústica.
Dois
rústicos.
E ainda
assim, quando pensa no seu ar bem perto, a respiração fazendo coro, ela
estremece.
Não sabe
bem o que vai escolher.
Ninguém
sabe, a história ainda não estava escrita e ninguém conhecia o autor.
A temporada
de caça estaria aberta, e ela... ela se faz de presa... só até a lua sair.
Tudo o que
ela queria, hoje, era te beijar. E a ele também.
19/10/2016
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