Tem uma curva ali na frente
Tem eu inteira tombando o corpo, fazendo
hora
Fita
Fiteira era o que minha avó me dizia e aí
eu pensava sempre na Ariadne. Me pensava segurando o novelo, Perseu correndo,
fugindo do Minotauro. Se ela soltasse o fio, se ela tivesse uma dúvida.
Se Ariadne sentisse medo.
Então ela seria eu.
Nascida pra ser herói, de espada, capa,
elmo, escudo, dessas mulheres cabra-macho, procuro por um fio entre isso tudo.
Tem um labirinto todo meu.
Não cronometro, não espero mais, não
entendi se é a proximidade ou a distância, se é de quem se aproxima a vida
toda, esperando a mão, o vão que vai pra alma, mais sim, menos...
Ou quem tá longe, contido, encapsulado no
tempo e no espaço. Inacessível.
Enquanto tocava a última faixa do disco,
aquele brega que já ouvimos, eu pensei em você. Nele, em nós dois, pensei que
era possível calcular qualquer disritmia apenas por esse olhar de corça, loba
danada.
Não é.
Se ele dispara, só eu sei, só eu espero.
Conto de trás pra frente, 180, 21, 9, 2. Me
perco antes do um e aí já foi.
Corrente, voltagem, amores.
Eu queria te achar, agora ou depois, um
mês, três, dez.
Mas precisava de coragem.
Ah, se Ariadne sentisse medo...
Coitado do Perseu.
05/06/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário