Queria hoje queimar os meus
livros.
O muro da minha cidade sitiada.
E as palavras, como súditos,
pedindo clemência.
A nau principal da minha esquadra, perdendo-se no horizonte.
Que imagem poética, amores como navios.
Mas qual general, tendo perdido sua
principal pedra, não a substituiria o mais rapidamente, se pudesse?
Essas palavras são minhas.
Mas não cabem também em outras
bocas?
Quem de vós, ó genitoras,
lançaria sobre o filho a responsabilidade paterna?
Como se culpasse o abortado pelo
abordo,
o fruto pela semente numa responsabilidade invertida, de trás pra
frente.
Pense num reino à beira mar.
Aceite o mar como irmão e inimigo,
provedor e porta para todos os males.
Pense em escapar.
É necessário que se visualize bem
este lugar.
É o meu ponto de partida.
Porque
toda família é um reino.
O homem ou o menino?
Escolhi o varão!
Porque a guerra não era só do
lado de fora.
E se na Dinamarca neva...
Pás e
pás de neve retiradas do meu leiro para sepultarem o finado. Preparei minha
cama de gelo.
Compreendo se não entendem...
Nessa
pele só cabe um.
03/08/2016
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